O mais recente Índice Firjan de Desenvolvimento Municipal (IFDM), divulgado pela Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), mostra um panorama preocupante na Baixada Fluminense. Entre os 13 municípios da região, apenas Itaguaí alcançou nível moderado de desenvolvimento socioeconômico. Os demais seguem classificados com desempenho baixo ou crítico. Belford Roxo, inclusive, foi o único município fluminense enquadrado na categoria de desenvolvimento crítico. Já Duque de Caxias, um dos mais populosos do estado, caiu 37 posições no ranking estadual em relação a 2013.
Com base em dados oficiais de 2023 e comparativos com 2013, o IFDM avaliou 5.550 cidades brasileiras, abrangendo 99,96% da população do país. O estudo leva em conta três indicadores — Emprego & Renda, Saúde e Educação —, com pontuações que variam de 0 a 1. Quanto mais próximo de 1, maior o desenvolvimento. Os resultados são classificados em quatro faixas: crítico (0 a 0,4), baixo (0,4 a 0,6), moderado (0,6 a 0,8) e alto (0,8 a 1).
Itaguaí obteve IFDM geral de 0,6705, o melhor da região, ocupando o 25º lugar entre os municípios do Rio. A cidade teve desempenho moderado em Emprego & Renda (0,7639) e Saúde (0,7170), mas ficou com nota baixa em Educação (0,5306). Por outro lado, Duque de Caxias caiu de 0,7872 para 0,6917 em Emprego & Renda (-12,1%) e teve crescimento tímido em Saúde (de 0,5425 para 0,5596), recuando de 38º para 75º no ranking estadual. Já Belford Roxo piorou em todos os indicadores e registrou IFDM geral de 0,3868, o pior do estado.
Quase metade das cidades brasileiras ainda tem baixo ou crítico desenvolvimento
Em todo o país, 2.625 municípios (47,3%) apresentam baixo (2.376) ou crítico (249) desenvolvimento socioeconômico, afetando cerca de 57 milhões de brasileiros. Por outro lado, 48,1% (2.669 cidades) têm desenvolvimento moderado, e apenas 4,6% (256 municípios) estão em nível alto. As melhores avaliações ficaram com Águas de São Pedro (SP), São Caetano do Sul (SP) e Curitiba (PR).
Apesar disso, houve avanço nacional: 99% dos municípios melhoraram seu índice entre 2013 e 2023. A média nacional atual é de 0,6067 — patamar moderado. O maior avanço veio da Educação (+52,1%), que passou de 0,4166 para 0,6335. A Saúde cresceu 29,8% (de 0,4626 para 0,6002), e Emprego & Renda, 12,1% (mesmo com recuperação pós-pandemia). O número de cidades com desempenho crítico caiu 87,4%: de 1.978 em 2013 para 249 em 2023.
Educação avança, mas sofre com falta de professores e desigualdade
A área de Educação lidera os avanços. Mais da metade dos municípios (56,1%) estão em nível moderado, e 7,2% têm alto desempenho. Ainda assim, 32,5% das cidades continuam com desenvolvimento baixo e 4,1% em situação crítica.
Entre os pontos críticos apontados, destaca-se o déficit de formação adequada de professores: 57% das turmas de Ensino Fundamental nas cidades críticas são ministradas por docentes sem qualificação ideal. Mesmo nos municípios com alto desenvolvimento, esse problema atinge 23% das turmas. A distorção idade-série também preocupa: 40% dos alunos do Ensino Médio nas cidades críticas têm idade acima da esperada, contra 8,3% nas mais desenvolvidas. Já na Educação Infantil, apenas 19% das crianças de até três anos estão em creches nos municípios críticos — nas cidades de alto desempenho, esse percentual é de 53%.
Saúde ainda sofre com falta de médicos e precariedade sanitária
No indicador Saúde, a maioria (53,2%) dos municípios apresenta nível moderado. Contudo, 39,1% estão em patamar baixo, 5,8% em condição crítica e apenas 1,9% têm alto desenvolvimento.
Nas cidades críticas, a média é de apenas um médico para cada dois mil habitantes, enquanto nas mais desenvolvidas são sete. A taxa de internações por problemas ligados ao saneamento chega a 74 por 10 mil moradores — quase 20 vezes mais que nas cidades bem avaliadas. Além disso, 41% das gestações nessas localidades são de adolescentes, mais do que o triplo das registradas nas cidades de alto desenvolvimento (12%).
Mercado de trabalho é frágil e depende do setor público nas cidades críticas
No aspecto Emprego & Renda, há o maior número de municípios com desempenho elevado (20,3%), mas também uma parcela significativa em situação crítica: 25,2%. A média de empregos formais entre adultos nas cidades críticas é de apenas 9,3%, contra 39,4% nas de alto desenvolvimento.
Outro destaque negativo é a baixa diversidade econômica. Em cidades com desempenho crítico, 67,9% dos vínculos formais estão na administração pública, evidenciando forte dependência do setor público. Nas cidades mais desenvolvidas, esse índice é de apenas 10,6%.
Conclusão
O IFDM 2023 evidencia avanços relevantes em todo o país, mas também mostra que desigualdades persistem, especialmente em regiões como a Baixada Fluminense. Questões estruturais — como déficit de médicos, falta de professores qualificados e concentração de empregos no setor público — continuam a limitar o progresso de centenas de cidades. Para a Firjan, os dados servem de base para a formulação de políticas públicas mais eficazes e voltadas à redução dessas desigualdades.