Em entrevista ao final de sua visita a Moscou, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reiterou a postura do Brasil em relação à guerra entre Rússia e Ucrânia, destacando a disposição do país em atuar como mediador para promover a paz, desde que ambos os países em conflito aceitem a participação brasileira nas negociações. Lula enfatizou que o Brasil, como membro de um grupo de amigos junto com a China, mantém uma posição clara contra a ocupação territorial e acredita que é possível dialogar para buscar consensos.
O presidente também abordou as consequências devastadoras dos conflitos, que resultam não apenas na perda de vidas e na destruição de infraestruturas essenciais, mas também no desvio de recursos que poderiam ser direcionados para causas mais urgentes, como a saúde, educação e a erradicação da fome. “É um erro investir trilhões de dólares em armas, quando o mundo precisa desses recursos para combater a fome e promover o bem-estar da população”, afirmou Lula, reforçando a importância de investir em áreas que realmente beneficiem a humanidade.
Lula também fez uma reflexão sobre o simbolismo do evento que marcou os 80 anos do fim da Segunda Guerra Mundial, em Moscou. Ele destacou o enorme sacrifício humano da União Soviética, que perdeu aproximadamente 26 milhões de pessoas durante o conflito, e a necessidade de preservar a memória histórica para evitar o ressurgimento de ideologias como o nazismo. “Precisamos ter consciência de que nunca mais podemos permitir que coisas como o nazismo voltem a acontecer no planeta Terra”, ressaltou.
Em outro ponto de sua fala, Lula destacou a defesa do multilateralismo como um pilar essencial da política externa brasileira. O presidente se posicionou contra o retorno ao protecionismo e enfatizou que a globalização deve ser baseada em um comércio justo, flexível e que favoreça os países mais pobres. “O Brasil está defendendo o fortalecimento do multilateralismo. Não podemos esquecer o que aprendemos após a Segunda Guerra Mundial: a importância de um comércio humanizado entre os países”, afirmou Lula.
A renovação das instituições multilaterais também foi um tema central da entrevista. Lula defendeu uma reformulação do Conselho de Segurança da ONU, propondo a inclusão de países como Índia, Alemanha, Japão e várias nações africanas como membros permanentes, com o objetivo de tornar a organização mais representativa e eficiente. O Brasil, segundo Lula, continua comprometido com a paz e com o fortalecimento da ONU, buscando uma presença mais ativa no cenário mundial.
Com seu discurso, o presidente reafirma o compromisso do Brasil com a paz internacional e com o multilateralismo, reiterando a disposição de mediar conflitos e contribuir para um mundo mais justo e equilibrado.