O presidente Luiz Inácio Lula da Silva destacou, em entrevista concedida nesta segunda-feira (22) ao jornal PBS NewsHour, dos Estados Unidos, a importância de manter uma relação “civilizada” entre Brasil e EUA, mesmo diante das tarifas adicionais impostas de forma unilateral pelo governo de Donald Trump. Lula reforçou que está aberto à negociação e que “uma mesa de negociação não custa nada”.
A declaração foi dada em Nova York, onde o presidente participa da 80ª Assembleia Geral da ONU, evento no qual o Brasil tradicionalmente abre os discursos desde 1955. Segundo Lula, a taxação de produtos brasileiros não tem justificativa econômica, já que os EUA registraram um superávit de US$ 410 bilhões na relação comercial com o Brasil nos últimos 15 anos. Para ele, a medida tem caráter político. “Toda vez que tentamos falar sobre comércio com alguém dos Estados Unidos, eles dizem que não é uma questão comercial, e sim política. Portanto, se Trump quiser falar de política, eu também converso sobre política”, afirmou.
O presidente frisou que o Brasil não aceita interferências externas em sua democracia e soberania. Ele lembrou ainda o Plano Brasil Soberano, lançado em agosto pelo governo federal como resposta às tarifas norte-americanas, que prevê R$ 30 bilhões em crédito para exportadores, medidas de proteção a trabalhadores e ampliação de ações diplomáticas e multilaterais.
Além das negociações comerciais, Lula cumpre agenda em eventos estratégicos em Nova York. Nesta segunda, participou de uma conferência internacional sobre a Palestina, defendendo a solução de dois Estados como único caminho para a paz no Oriente Médio. Ele também deve participar, nesta terça (23), da reunião sobre o Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF), que será lançado oficialmente na COP30, em Belém (PA).
Na quarta-feira (24), Lula terá encontros voltados à ação climática e à defesa da democracia, em parceria com líderes como o chileno Gabriel Boric e o espanhol Pedro Sánchez. Segundo o presidente, o Brasil quer “relações de igualdade com todos”, mas sem abrir mão da soberania nacional.