Em uma ofensiva diplomática e estratégica contra o tráfico internacional de armas, o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, se reuniu nesta segunda-feira com representantes do Escritório das Nações Unidas para Assuntos de Desarmamento (Unoda), em Nova Iorque. A proposta é firmar uma parceria com a ONU para combater o ingresso ilegal de armamentos no estado, com ênfase em armamento pesado, como fuzis.
Segundo Castro, aproximadamente 90% dos fuzis apreendidos no Rio em 2024 tiveram origem nos Estados Unidos, entrando no país através de rotas ilícitas pelas fronteiras do Paraguai, Colômbia e Chile. O governador enfatizou que o Brasil — e especialmente o Rio — não fabrica esses armamentos, mas sofre diretamente com os efeitos do comércio internacional descontrolado de armas e componentes.
“O problema não é apenas o armamento completo. É também a venda de peças soltas e munições que chegam às mãos de criminosos e permitem a montagem de armas sofisticadas aqui dentro. Viemos buscar apoio internacional para dialogar com os fabricantes e impor limites à exportação desses materiais para regiões com baixo controle”, afirmou Castro.
Tecnologia nas fronteiras estaduais
Como parte da estratégia local, o governo do Rio implementou o programa Guardião de Divisas, que utiliza portais eletrônicos com câmeras inteligentes e scanners de alta precisão para monitorar pontos de entrada no estado. A iniciativa visa impedir a circulação de armas e drogas interestaduais.
Nos três primeiros meses de 2025, as forças de segurança fluminenses apreenderam 1.490 armas de fogo, entre elas 230 fuzis — o que demonstra a escalada no poder de fogo do crime organizado. Desde 2021, foram 2.364 fuzis confiscados, sendo 732 somente em 2024, o que representa uma média de duas armas de guerra retiradas das ruas por dia.
Dossiê liga facções brasileiras ao crime global
Durante a missão internacional, os secretários estaduais Victor dos Santos (Segurança Pública) e Felipe Curi (Polícia Civil) entregaram um dossiê confidencial ao conselheiro do Departamento de Estado Americano, Ricardo Pita, e a membros do Consulado dos EUA no Brasil. O documento solicita o reconhecimento da facção Comando Vermelho (CV) como organização terrorista.
Segundo os dados compilados, tanto o CV quanto o Primeiro Comando da Capital (PCC) possuem conexões internacionais com grupos como o Hezbollah e a máfia italiana, além de manterem operações de tráfico de drogas, armas e lavagem de dinheiro em diversos países.
“Essa colaboração com o governo americano será decisiva para rastrear contas bancárias no exterior, fechar rotas de tráfico e enfraquecer financeiramente essas organizações”, explicou o secretário Felipe Curi.
Uma agenda internacional para segurança pública
A visita do governador e sua comitiva à ONU e aos representantes dos EUA marca um movimento inédito do Rio de Janeiro na arena internacional de segurança pública, buscando articular ações globais contra crimes transnacionais que afetam diretamente a população fluminense.
Com o apoio da ONU, do governo norte-americano e de outros organismos internacionais, o Rio espera restringir o acesso dos criminosos a armamentos pesados, interromper fluxos financeiros ilegais e, sobretudo, salvar vidas.
Fonte: Agência Brasil