Um novo estudo liderado por pesquisadores britânicos revela que aproximadamente 16.500 pessoas morreram entre 1º de junho e 31 de agosto de 2025 em 854 cidades europeias por causa de ondas de calor intensificadas pelas alterações climáticas. Esse número corresponde a cerca de 68% do total de mortes relacionadas ao calor, que chegam a 24.440 no mesmo período.
Temperaturas acima da média e países mais afetados
As temperaturas estivaram, em média, 2,2°C acima do normal, resultado atribuído principalmente à queima de combustíveis fósseis e ao desmatamento. Vários países registraram seus verões mais quentes já documentados. Itália lidera o impacto em número absoluto de vítimas, com cerca de 4.597 mortes atribuídas às ondas de calor; em seguida vêm Espanha (2.841), Alemanha (1.477), França (1.444) e Reino Unido (1.147).
Capitais europeias também foram duramente afetadas: Roma registrou cerca de 835 mortes, Atenas teve 630, e Paris aproximadamente 409.
Grupos mais vulneráveis
Pessoas com mais de 65 anos representam 85% dos óbitos causados pelo calor extremo. O estudo destaca que, à medida que a população europeia envelhece, a exposição a ondas de calor se torna uma ameaça cada vez maior.
O que significa “assassino silencioso”
Os pesquisadores descrevem o calor extremo como um “assassino silencioso”: muitos desses casos de morte não são ligados diretamente a diagnósticos públicos imediatos, e é comum que os registros oficiais levem semanas ou até meses para reportar as causas associadas ao calor. As doenças preexistentes — como problemas cardíacos, respiratórios, renais — são agravadas, especialmente em dias consecutivos de calor sem respiro.
Implicações das mudanças climáticas e recomendações
O estudo aponta para uma relação clara entre o uso contínuo de combustíveis fósseis, o desmatamento e o aumento da temperatura média global. Friederike Otto, professora de Ciência Climática do Imperial College London, afirma que, caso essas práticas não sejam reduzidas, os verões extremos continuarão se tornando mais mortais.
Entre as medidas mais urgentes sugeridas pelo estudo estão: acelerar a transição para fontes de energia renováveis; criar políticas públicas de proteção para os grupos vulneráveis, especialmente idosos; melhorar os sistemas de alerta precoce para calor; e adaptar infraestruturas (como prédios, transporte público, espaços urbanos) para reduzir os impactos do calor extremo.
Relevância para o Brasil
Embora o estudo seja europeu, ele tem implicações diretas para o Brasil, especialmente para regiões mais quentes ou com populações vulneráveis, como parte da Baixada Fluminense. Com o aumento global das temperaturas, epidemias de calor, surtos de doenças relacionadas e impactos sobre a saúde pública tendem a crescer. A experiência europeia mostra que não se trata apenas de fenômeno climático, mas de risco real à vida de muitas pessoas. Políticas de mitigação, adaptação urbana e investimento em infraestrutura que reduza os danos do calor serão cada vez mais necessárias também aqui.