O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), decidiu manter a exoneração de Washington Reis (MDB) do cargo de secretário estadual de Transportes, encerrando um impasse político que ameaçava a coesão de sua base aliada na Assembleia Legislativa do Estado (Alerj).
A decisão foi comunicada oficialmente na tarde de quarta-feira (10), durante uma reunião com mais de 30 deputados estaduais, incluindo o presidente da Alerj, Rodrigo Bacellar (União Brasil). Na ocasião, o secretário de Governo, André Moura, leu uma mensagem do próprio Castro confirmando a exoneração e reconhecendo que a saída de Reis já estava sendo discutida antes de sua viagem internacional. Apesar de classificar a atitude de Bacellar como “intempestiva”, Castro decidiu não revogar a demissão, evitando um confronto direto com o Legislativo.
Pressões e bastidores políticos
A demissão de Washington Reis foi determinada por Bacellar enquanto exercia o governo interinamente. Desde então, Castro vinha sendo pressionado a reverter a exoneração, inclusive pelo senador Flávio Bolsonaro (PL), que chegou a defender a recondução de Reis. No entanto, o governador preferiu não contrariar a maioria da base, que enxergou a permanência de Reis como um fator de instabilidade.
Nos bastidores, Flávio tentou mediar uma reconciliação entre Reis e Bacellar, o que foi mal recebido. O gesto foi visto como tentativa de deslocar para Bacellar a responsabilidade da crise, o que apenas aumentou a tensão entre os grupos.
Em resposta, Bacellar mobilizou sua base. Mais de 20 parlamentares, de partidos diversos como PL, Republicanos, União Brasil e até da oposição, manifestaram apoio ao presidente da Alerj durante um jantar político. A possibilidade de ruptura realinhou forças e deixou claro que insistir na recondução de Reis poderia isolar o governo de Castro e comprometer votações estratégicas.
Governabilidade e cenário eleitoral
A permanência de André Moura como interino na Secretaria de Transportes, aliada à decisão de manter a exoneração, sinaliza que Castro busca preservar sua governabilidade e estabilidade institucional, em um momento de articulações para o pleito de 2026.
A postura também foi interpretada como um freio a ambições pessoais dentro do governo. Em sua mensagem, o governador enfatizou que “projetos políticos não podem ser guiados por interesses pessoais”, um recado direto a Reis, que vinha estreitando relações com adversários de Castro.
Com a crise parcialmente controlada e o apoio da Alerj resguardado, Castro deve seguir com sua agenda política e administrativa, agora com maior atenção à condução das alianças dentro de sua base para evitar novos ruídos em um cenário de antecipação eleitoral.