Censo 2022: salário mínimo define a renda em 93% das cidades brasileiras

Panorama nacional
Segundo o módulo Trabalho e Rendimento do Censo 2022, divulgado pelo IBGE nesta quinta-feira (9), o salário mínimo segue sendo a base da economia brasileira. Em 93% dos municípios, a renda média da população equivale ao piso nacional e, em todo o país, cerca de 35% dos trabalhadores recebem até um salário mínimo. O dado evidencia a centralidade do piso na estrutura de renda nacional e reforça a importância da política de valorização do salário mínimo, retomada pelo governo federal em 2023.

Distribuição de renda e desigualdades
Em 2022, o rendimento médio de todos os trabalhos no país foi de R$ 2.851. Entre os trabalhadores, 35,3% recebiam até um salário mínimo, enquanto apenas 7,6% ganhavam mais de cinco. A desigualdade de gênero se manteve: os homens tiveram rendimento médio de R$ 3.115, 24,3% acima do das mulheres, que foi de R$ 2.506.
O recorte por cor ou raça mostrou que os rendimentos mais altos são dos grupos amarelo (R$ 5.942) e branco (R$ 3.659), seguidos pelos pardos (R$ 2.186), pretos (R$ 2.061) e indígenas (R$ 1.683).

Diferenças regionais e municipais
Em 520 cidades (9,3% do total), o rendimento médio foi inferior a um salário mínimo. Por outro lado, apenas 19 municípios apresentaram média superior a quatro salários mínimos. As menores rendas foram registradas em Cachoeira Grande (MA), com R$ 759; Caraúbas do Piauí (PI), com R$ 788; e Mulungu do Morro (BA), com R$ 805.
As maiores médias foram observadas em Nova Lima (MG), com R$ 6.929; São Caetano do Sul (SP), com R$ 6.167; e Santana de Parnaíba (SP), com R$ 6.081.

Nível de ocupação no país
O nível médio de ocupação da população com 14 anos ou mais foi de 53,5%. Os melhores índices foram observados em Fernando de Noronha (PE), com 82,9%; Vila Maria (RS), com 78,4%; e Serra Nova Dourada (MT), com 78,2%. As taxas por região foram: Norte (48,4%), Nordeste (45,6%), Sudeste (56%), Sul (60,3%) e Centro-Oeste (59,7%).
A diferença entre os sexos continua marcante: o nível de ocupação dos homens foi de 62,9%, contra 44,9% das mulheres. Entre as faixas etárias, o grupo de 35 a 39 anos apresentou o maior nível de ocupação (72,8%), enquanto o de 14 a 17 anos teve o menor (11,1%).

Escolaridade e mercado de trabalho
O Censo aponta que as mulheres continuam com maior nível de escolaridade, embora com rendimentos menores. Entre as ocupadas, 28,9% têm ensino superior completo, frente a 17,3% dos homens. As atividades com maior participação feminina são os serviços domésticos (93,1%), a saúde (77,1%) e a educação (75,3%). Já os setores com menor presença são a construção civil (3,6%), o transporte (9,3%) e as indústrias extrativas (14,4%).

Rendimento domiciliar per capita
O rendimento domiciliar médio per capita foi de R$ 1.638. Os municípios com as maiores médias foram Nova Lima (MG) – R$ 4.300, São Caetano do Sul (SP) – R$ 3.885, Florianópolis (SC) – R$ 3.636, Balneário Camboriú (SC) – R$ 3.584 e Niterói (RJ) – R$ 3.577. No outro extremo, Uiramutã (RR) teve média de R$ 289, seguido de Bagre (PA) e Manari (PE), ambos com R$ 359.
A desigualdade racial também é expressiva: as populações amarela (R$ 3.520) e branca (R$ 2.207) apresentam rendimentos muito acima das populações preta (R$ 1.198), parda (R$ 1.190) e indígena (R$ 669).

Síntese
Os dados do Censo 2022 revelam que o salário mínimo ainda é o principal motor de renda no Brasil e que as disparidades de gênero, raça e região continuam marcando o mercado de trabalho. A pesquisa também reforça o peso das políticas públicas de valorização do piso salarial e da educação como instrumentos essenciais para a redução da desigualdade e o fortalecimento do poder de compra das famílias brasileiras.

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