A Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) emitiu um alerta em agosto após constatar que o número de casos de sarampo nas Américas aumentou 34 vezes em 2025 em comparação ao ano anterior. Até o fim de agosto, mais de 10 mil casos haviam sido confirmados em dez países da região, resultando em 18 mortes — 14 no México, três nos Estados Unidos e uma no Canadá.
No Brasil, foram registrados 24 casos, sendo 19 no Tocantins. Embora o país esteja entre os que apresentam números mais baixos, o risco é considerado alto devido à alta transmissibilidade do vírus.
Importância da vacinação
A infectologista Marilda Siqueira, da Fiocruz, reforça que é essencial alcançar 95% de cobertura vacinal para proteger a população. Em 2024, apenas 89% das crianças nas Américas receberam a primeira dose da vacina tríplice viral, e 79% completaram a segunda. No Brasil, o cenário é mais positivo: a cobertura voltou a crescer a partir de 2023, e em 2024 mais de 2,4 mil municípios atingiram a meta de 95% de imunização.
O país tem reforçado campanhas, sobretudo em áreas de fronteira. Em julho e agosto, o Ministério da Saúde promoveu dias D de vacinação, aplicando milhares de doses em estados como Acre, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Rondônia. Também houve ações conjuntas em cidades gêmeas na fronteira com o Uruguai.
O vírus e os riscos
O sarampo é uma doença altamente contagiosa, transmitida pelo ar, com sintomas como febre alta, manchas vermelhas pelo corpo, congestão nasal e irritação nos olhos. Pode evoluir para complicações graves como pneumonia, encefalite, diarreia intensa e até cegueira, principalmente em crianças desnutridas e pessoas com imunidade baixa.
Até o início dos anos 1990, o sarampo era uma das principais causas de mortalidade infantil no mundo, com cerca de 2,5 milhões de mortes anuais. A vacinação mudou esse cenário, permitindo que as Américas fossem reconhecidas, em 2016, como região livre da circulação endêmica do vírus. Porém, o risco de reintrodução sempre existe quando a cobertura vacinal cai.
Vacinação no Brasil
Atualmente, o esquema vacinal prevê duas doses da tríplice viral: a primeira aos 12 meses e a segunda aos 15 meses. Campanhas específicas podem incluir outras faixas etárias. Pessoas imunocomprometidas, usuários de PrEP entre 15 e 45 anos e vítimas de violência sexual a partir dos 15 anos devem tomar três doses.
Segundo Marilda Siqueira, nenhuma ação isolada terá efeito sem a adesão da população: “Esse trabalho só terá sucesso se contar com a participação de todos. É fundamental manter a vacinação em dia e procurar atendimento médico diante de sintomas suspeitos”.
Fonte: Agência Brasil