Governo cria Sala Nacional para monitorar intoxicações por metanol e reforça estoques de antídotos no SUS

O Governo do Brasil instituiu oficialmente a Sala de Situação Nacional – Intoxicação por Metanol após Consumo de Bebida Alcoólica, com o objetivo de monitorar, em tempo real, os casos registrados em todo o país e coordenar respostas rápidas e integradas entre as autoridades de saúde. A medida foi publicada nesta segunda-feira (6/10) no Diário Oficial da União e ocorre em meio ao aumento atípico de notificações de intoxicação associadas ao consumo de bebidas adulteradas, especialmente nos estados de São Paulo e Pernambuco.

Segundo o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, a criação da Sala reflete a postura ativa do governo diante de um cenário inédito no país. “Estamos diante de uma situação anormal e diferente de tudo o que consta na nossa série histórica em relação à intoxicação por metanol. A resposta precisa ser rápida, técnica e coordenada”, afirmou o ministro.

Estrutura e funcionamento da Sala de Situação

O grupo será coordenado pela Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente (SVSA) e contará com representantes da Anvisa, Fiocruz, Ebserh, Conass, Conasems, Conselho Nacional de Saúde e das Secretarias de Saúde de São Paulo e Pernambuco. Também integram a articulação os ministérios da Agricultura e Pecuária e da Justiça e Segurança Pública, que atuarão nas ações de controle e investigação da origem das bebidas adulteradas.

A Sala permitirá acompanhamento contínuo dos casos, integração com os Centros de Informação e Assistência Toxicológica (CIATox) e laboratórios públicos, além da emissão de orientações técnicas para estados e municípios sobre vigilância, diagnóstico e tratamento. A notificação de casos suspeitos deverá ser imediata, permitindo o bloqueio rápido da cadeia de distribuição e o início precoce do tratamento das vítimas.

Ações emergenciais e reforço de estoques

Como parte da resposta emergencial, o Ministério da Saúde anunciou a compra de 12 mil novas ampolas de etanol farmacêutico e 2,5 mil unidades de fomepizol — antídotos usados no tratamento de intoxicações por metanol. As doses se somam às 4,3 mil ampolas já distribuídas aos hospitais universitários e unidades de referência do SUS, em parceria com a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh).

A distribuição dos novos estoques começou no último sábado (4/10), priorizando estados com maior número de notificações. Os lotes iniciais foram enviados para Bahia, Pernambuco, Paraná, Mato Grosso do Sul e Distrito Federal. “Com esse reforço, garantimos que nenhum paciente deixará de receber o tratamento adequado. Seguimos os protocolos internacionais e o que há de mais atualizado em ciência médica”, destacou Padilha.

Parcerias e apoio internacional

A aquisição do fomepizol foi viabilizada por meio do Fundo Estratégico da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) e de um fabricante japonês que mantém estoques nos Estados Unidos. Os medicamentos serão distribuídos conforme a demanda apresentada pelos estados. Padilha agradeceu à OPAS pela rápida mobilização e ressaltou que a cooperação internacional foi essencial para a agilidade no fornecimento.

Diagnóstico e prevenção

A Rede Nacional de Laboratórios de Vigilância Sanitária (RNLVISA) mobilizou unidades em Brasília, São Paulo e no Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde (INCQS/Fiocruz) para análise imediata das amostras suspeitas. A Anvisa também mapeou 604 farmácias de manipulação autorizadas a produzir etanol farmacêutico, garantindo abastecimento local em todas as capitais.

O Ministério da Saúde reforça que o metanol é altamente tóxico e pode causar cegueira, danos neurológicos graves e até a morte. Os sintomas de intoxicação surgem entre 12 e 24 horas após o consumo e incluem dor abdominal, visão turva, confusão mental e náusea. A orientação é evitar bebidas sem rótulo, lacre de segurança ou selo fiscal, e procurar atendimento médico imediato em caso de suspeita.

Os profissionais de saúde devem acionar o CIATox regional para receber instruções de atendimento e registrar a notificação nos sistemas de vigilância. A Sala de Situação Nacional permanecerá ativa enquanto houver risco sanitário, atuando na coordenação das ações de controle, investigação e prevenção em todo o território nacional.

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