CPI da Alerj investiga possível esquema de “laranjas” em empresas de proteção veicular

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Câmeras da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) está investigando possíveis irregularidades em associações de proteção veicular e o uso de “laranjas” para ocultar movimentações milionárias.

Nesta segunda-feira (08/09), representantes de seguradoras e empresas de proteção veicular foram ouvidos. A presidente da Associação Rio Ben Benefícios, Nathália David, afirmou que desconhece suas funções no cargo e que assumiu a presidência por indicação de um tio, que, segundo ela, seria o verdadeiro dono da empresa. Por causa dessas declarações, os deputados decidiram quebrar os sigilos bancário e fiscal dela e de familiares, além de convocar novos esclarecimentos em uma próxima audiência.

A CPI também está investigando como essas empresas atuam na recuperação de veículos roubados e no pagamento de resgates. Duas pessoas, Carla Caldas (Pontual) e Ronald Silva (Mais Prime), serão conduzidas coercitivamente por não comparecerem à audiência. Além disso, na próxima segunda-feira (15/09), serão ouvidos presos apontados como líderes de roubos de carros para apurar possíveis vínculos com essas empresas.

O presidente da CPI, deputado Alexandre Knoploch (PL), afirmou que as investigações indicam o uso de “laranjas” para dar aparência legal a esquemas criminosos e movimentações milionárias. “Não restam dúvidas sobre as irregularidades, tanto na sonegação fiscal quanto na atuação de estruturas criminosas. Agora vamos identificar todos os envolvidos para incluí-los no relatório final”, disse.

Entre os detentos que serão ouvidos estão Vinicius Sebastian dos Santos Catrinck, o “Capetão”, e Thiago Fernandes Virtuoso, o “Tio Comel”, entre outros, todos já ligados a pagamentos de resgates por associações de proteção veicular.

O relator da CPI, deputado Filippe Poubel (PL), informou que vai solicitar à Polícia Civil e ao Ministério Público que aprofundem as investigações, pois o esquema configura crime organizado. Segundo ele, essas empresas estariam fomentando o crime e transformando o pagamento de resgates em uma fonte de lucro para o tráfico.

Durante a audiência, representantes das empresas Black Hawk, Tokio Marine e Car System também foram questionados. A presidente da Black Hawk, Lidiane Ferreira, afirmou localizar cerca de 95 veículos por mês, mas não soube detalhar como o processo funciona, o que levou a CPI a decidir pela quebra de seu sigilo bancário e pelo levantamento de todos os veículos localizados nos últimos seis meses.

Deputados como Alan Lopes (PL) criticaram duramente esses esquemas, chamando-os de “máfias” que prejudicam o Estado, empresas e cidadãos, e alertaram que esses negócios ilegais afastam investimentos do Rio de Janeiro.

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